O Cavalo Crioulo é mais do que um símbolo cultural do sul do Brasil, é um patrimônio genético e funcional que representa a força e a tradição do campo, como menciona Aldo Vendramin, empresário e fundador, nenhuma competição traduz melhor esse legado do que o Freio de Ouro, que em 2025 confirmou seu papel de maior vitrine da raça, reunindo os melhores exemplares do país e do exterior.
O Freio é o ponto de encontro entre técnica, manejo e paixão, e cada edição reforça como a seleção criteriosa e o treinamento adequado impactam não só os resultados da prova, mas o próprio mercado da raça.
O que é o Freio de Ouro e como ele funciona?
Organizado pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), o Freio de Ouro é uma prova completa que avalia o cavalo em diferentes aspectos: morfologia, funcionalidade, temperamento e resistência. O ciclo 2025 contou com mais de 90 conjuntos finalistas (entre machos e fêmeas), vindos de seletivas regionais realizadas no Brasil, Uruguai e Argentina.

A competição se divide em etapas que testam a aptidão atlética e mental do animal. Entre as provas mais importantes estão o Andadura, Figura, Volta sobre Patas, Esbarradas, Mangueira e o Freio propriamente dito, que simula o manejo real de gado.
Cada movimento é avaliado com precisão por juízes experientes, e a soma de notas define os grandes campeões que, além do título, entram para a história da raça como referência genética, informa o senhor Aldo Vendramin.
Manejo e preparação: o segredo está nos detalhes
A performance de um cavalo crioulo de elite é o resultado de meses, às vezes anos, de preparação. A rotina inclui treinos físicos graduais, acompanhamento veterinário rigoroso e cuidados com casco e alimentação balanceada, tudo permitindo não apenas o bem estar do animal mas como sua melhor performance como atleta e como um bom companheiro no campo.
Segundo Aldo Vendramin, um cavalo de Freio é preparado como um atleta de alta performance: alimentação, descanso e manejo são planejados com precisão. A fase de treinamento visa desenvolver força, agilidade e temperamento equilibrado, atributos indispensáveis para o bom desempenho em pista. Além disso, o manejo diário no campo, com exposição controlada a bovinos, ajuda o animal a manter o instinto funcional e a confiança em ambientes competitivos.
Critérios que definem um campeão
O sistema de avaliação do Freio de Ouro é técnico e transparente, explica o senhor Aldo Vendramin. Os juízes observam a harmonia do conjunto (cavaleiro e cavalo), a qualidade dos movimentos, a resposta aos comandos e a habilidade para realizar manobras complexas sem perder a leveza.
A morfologia, por sua vez, é avaliada de forma comparativa, observando-se estrutura óssea, proporção e características raciais. O equilíbrio entre morfologia e função é o que garante o título, e também a valorização no mercado. Um cavalo que se destaca no Freio tem aumento médio de 30% a 50% em valor de mercado, além de impulsionar a demanda por cobertura e descendência. Por isso, muitos criatórios veem na prova uma vitrine de genética e profissionalismo.
O impacto econômico e cultural do Freio de Ouro
O Freio movimenta um mercado milionário e, ao mesmo tempo, preserva uma tradição centenária. Durante a Expointer 2025, em Esteio (RS), o evento atraiu milhares de visitantes, impulsionando o turismo rural, o comércio de implementos e o setor de genética animal.
Mais do que um campeonato, o Freio é um espetáculo cultural que conecta gerações, dos criadores tradicionais aos jovens treinadores e amazonas que renovam a paixão pela raça. Ele representa o ponto de encontro entre ciência, manejo e cultura campeira, consolidando o Cavalo Crioulo como símbolo de identidade e inovação no campo.
Tecnologia e genética: o futuro da raça
O avanço das biotecnologias de reprodução e dos programas de melhoramento genético tem ampliado o potencial do Cavalo Crioulo. Ferramentas de genotipagem, inseminação artificial e transferência de embriões garantem cruzamentos mais precisos e eficientes, reduzindo o intervalo de gerações.
Hoje, o criador tem acesso a bancos de dados completos com linhagens premiadas, desempenho de descendentes e histórico sanitário, um salto tecnológico que coloca a raça em posição de destaque no cenário internacional. Como considera o fundador Aldo Vendramin, a genética é o alicerce do futuro da raça, mas é o manejo que transforma potencial em resultado. Essa visão integra o campo à ciência, mostrando que tradição e inovação caminham lado a lado na evolução do Cavalo Crioulo.
O Freio como escola de excelência
Mais do que um título, o Freio de Ouro é uma escola. Ensina criadores, cavaleiros e treinadores sobre disciplina, técnica e respeito ao animal. Representa a união entre o passado campeiro e o futuro tecnológico do agro brasileiro.
Enquanto o Cavalo Crioulo mantém suas raízes na cultura gaúcha, o mercado que o envolve se moderniza com dados, genética e gestão. E essa combinação, tradição com eficiência, é o que, de acordo com Aldo Vendramin, garante que o cavalo símbolo do sul continue sendo também símbolo de evolução.
Autor: Anton Gusev

